«Testemunho do estético» é um espaço dedicado às categorias estéticas da vida ou, como diria Valéry, àquilo que "se destaca da desordem comum do conjunto das coisas sensíveis". Visa, sobretudo, dar testemunho daquilo que está em movimento de de-formação, provocando um sobressalto simultaneamente íntimo e público. O valor estético, que toca igualmente o sensível e o secreto, convida a um outro modo de presença cívica.
quinta-feira, julho 10, 2008
O Testemunho do Estético regressa
Não é frequente um blogue ficar imóvel durante mais de três anos. Este ficou. Em parte porque a casa que o motivou desapareceu. Reaparece agora sem casa. Quer dizer: sem lugar fixo do estético. Essa ausência de um lugar para as estéticas será, a partir daqui, o "tema" desta página, a sua obsessão.
Depois da destruição da casa de Garrett, sem maior indignação da República, o que seria de esperar, e das inteligências penadas do burgo, tudo no país confirma a sua normalidade: naquele espaço nasce uma coisa simultaneamente grotesca e vulgar. Esta conjugação é, talvez, a mais significativa do nosso tempo e vai progredindo a olhos vistos nesta Lisboa.
É o incêndio das sensibilidades, do olhar amoroso, do olhar lido, erótico e curioso. Tudo em Lisboa se vai transformando em superfície cega. A sua cegueira é provocada pela ausência de uma certa luz a que chamámos testemunho do estético. Este é diferente das múltiplas estéticas publicitárias que vão ocupando o espaço urbano: esta cidade é já outra coisa, uma coisa tardo-moderna a que só por hábito damos o nome de urbe. Aliás como quase todos os espaços urbanos neste mundo abandonado pelas arquitecturas da modernidade. O pensamento estético abandonou-nos. Nesse abandono, contudo, estamos mais atentos aos testemunhos que saturam o nosso espaço. O estético é a saturação do espaço.
"A antiga tradição que afirma dever o mundo ser consumido pelo fogo ao fim de seis mil anos é verdadeira. Isso me foi transmitido pelo Inferno". William Blake
O testemunho estético, segundo Blake, deve ser simultaneamente devorador e evidente.
"Se as portas da percepção fossem desobstruídas, cada coisa apareceria ao homem tal como é: infinita". W. Blake
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